quarta-feira, 27 de julho de 2016

Dia dos Avós sem avós

Tenho pensado em escrever sobre isso há algum tempo, hoje pareceu o dia mais propício.
Dia dos Avós, coisa boa! Um momento em que os netos postam fotos com seus ascendentes, parabenizam-os, procuram, fazem ligações.
Mas, como lidar com essa data comemorativa quando não se tem mais para quem ligar? Ou mesmo abraçar?
Eu, sem avós vivos, me sinto meio triste. Cada foto que vejo na timeline do Facebook soa como uma facada no meu peito. Parece que uma geração toda da minha família não está mais presente. Somos atualmente uma família de duas gerações, somente pais e filhos (meus pais, eu e meu irmão), e a 'terceira' geração penso que esteja bem longe de voltarmos a ter.
Ao mesmo passo que tive avós extremamente presentes na minha vida, se torna difícil a ausência deles.
Meu avô materno, Guilherme, não conheci, já era falecido. Meu avô paterno, Ivo, tive pouca convivência, faleceu há 20 anos ou mais.
Até meus 17 anos fui gratificada com a presença dos outros três avós. Sim, três, minha avó materna havia casado novamente com o homem que eu sempre reconheci como avô.
Mas, há aproximadamente 7 anos atrás, minha avó paterna, Helena Maria, também conhecida como Mariche partiu deste mundo também, da maneira como gostaria, verdade, ativa, trabalhando no jardim; mas foi difícil igual, quando crescemos, parece que as perdas doem mais. Eu particularmente lido muito mal com isso. Ainda ouvi diversas vezes como se ela me chamasse pela cerca, como fazia frequentemente, 'Vivianeee', mas, mera impressão ou memória reprimida. Mulher guerreira essa, sempre enfrentou tudo de cabeça erguida, e se mostrava grande apesar de seu pequeno tamanho.
Há 2 anos, meu avô de coração, Reynaldo, teve um mal estar, ficou poucos dias no hospital e não resistiu. Dele sinto bastante falta. Queria que ele pudesse acompanhar minhas conquistas, que visse o apartamento que comprei perto da casa deles. Imaginava um futuro completamente diferente, onde iria visitá-lo bem velhinho, e faria companhia, com longas conversas tomando chimarrão e ouvindo seus incansáveis conhecimentos gerais sobre o mundo. Obrigada por tudo, vô. Gostaria que tu pudesse ver, troquei o teu carro por um mais atual, bem bonito, acho que tu ia gostar :) Tenho um bibelô de caveira, havia comprado para colocar no teu carro, mas não me adaptei, peço desculpas =/ Mas esse objeto acabou se tornando meu meio de conversa contigo, espero que tu me ouça quando converso com ele.
E, por fim, em março deste ano, minha avó, Walmy, que vinha passando por maus bocados há
aproximadamente 1 ano, tendo se tornado bastante dependente e não se responsabilizando por seus atos, veio a falecer também. Guerreira demais, uma das mulheres mais fortes que esse mundo já viu. Depois de tantas doenças e problemas de saúde, seguiu firme e forte. Aguentou a perda de dois maridos, resistiu, adaptou-se aos novos fatos. Morou sozinha durante um ano aos quase 80, até que sua cabeça não permitiu mais que fosse possível. Se confundia, não sabia quem éramos, mas pensava que deveríamos gostar muito dela por seguirmos ajudando, mesmo nos momentos mais difíceis.
Por fim, sigo aqui, uma órfã de avós.
São diversas fotos com vocês, decisão árdua escolher uma só para cada um. Achei melhor dar ênfase para aquelas que deixam evidente o carinho e afeto que tínhamos um com o outro, independente da época das mesmas.
Aproveitei sim muitos momentos ao lado de vocês, familiares queridos, mas infelizmente é chegada a hora de aceitar a despedida e seguir minha vida, com eternas saudades e a certeza de que todos vocês olham e torcem pelo sucesso e pela felicidade do restante da pequena família que segue por aqui nesse mundo.

Viviane Lauck

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Complicada & Perfeitinha

Cá estava eu, assistindo um capítulo de novela (sim, eu assisto, me julguem), quando me ocorreu um pensamento que exigiu ser transcrito.
Primeiro, antes que me venham com frases corriqueiras em relação à qualidade da programação televisiva brasileira, eu tenho tal costume por razões extremamente pessoais. Gosto de boas histórias, gosto de romances, gosto de ver as coisas acontecerem no mundo fictício ironicamente como acontecem na vida real, porém, nunca com tamanha 'magia e romantismo'. Alguns optam por ignorar o que nos faria pensar que 'a vida é bela', outros sonham como ela seria se assim fosse. Faço parte deste segundo grupo.
Digo, por vezes, que vejo novelas pelo mesmo motivo com que vejo filmes, reservar meu olhar atento a algo que se opõe, quiçá contradiz, a minha realidade. Sim, eu gosto de romances, eu já fui romântica certa vez, inclusive.
A cena final do capítulo; um beijo, ao por do sol, entre duas pessoas que o roteiro já mostrava que provavelmente ficariam juntas; me intrigou, fazendo-me pensar sobre o quanto perdemos a habilidade de dar valor às pequenas coisas, de facilitá-las ao invés de complicá-las.
Sou especialista nisso. Relacionamentos que giram em torno de dois meses, por quê? Talvez por isso, por essa tentativa de buscar constantemente uma melhor resposta do outro. "Gostei do encontro, mas vou esnobar um pouco pra fazer charme", aí a outra pessoa faz o mesmo e a história acaba ali. "Acho que vou me apaixonar, preciso me afastar" e perde-se uma chance de viver um romance da vida real. "Não vou mais procurá-lo, ele não parece mais interessado", e talvez estivesse, mas sufocou nas suas próprias estratégias de sedução.
Confesso que chegou a escorrer uma lágrima pelo meu rosto (sim, oh my fucking god, ela também chora!), quando minha mente foi invadida por tais pensamentos.
Tantas regras (minhas, principalmente, porém observo que de muitos também) que rodeiam situações, tornando-as histórias mal resolvidas, amores não vividos, "novelas" que jamais encontram o esperado final feliz.
Em que momento permiti perder-me de mim mesma de assustadora maneira?
Tudo poderia ser tão simples, resolúvel, fácil.
Certa vez me fizeram o seguinte questionamento: "Por que tu é tão perfeita? Ou tenta ser?". Tinha entre 14 e 15 anos, lembro e lembrarei dessa pergunta por toda minha vida, assim como o modo que fiquei ao recebê-la, perplexa. Realmente, por que buscamos perfeição, por que tentamos tanto agradar aos outros, por que insistimos em analisar a melhor "jogada" a ser feita? Parece justamente isso, a vida de cada um virou um pequeno jogo, quase imperceptível, onde cuidamos minuciosamente o que dizemos e fazemos, pensando estrategicamente. E não só no quesito amoroso, mas também no profissional. Tentamos enxergar sempre as consequências dos nossos atos, "devo trocar de emprego, aceitando a proposta de outro local financeiramente mais viável, arriscando perder amizades... mas, preciso, tenho que pagar luz, universidade, condomínio, ..."
Pensamos demais e realizamos pouco. Somos as diversas faces que criamos, personagens de um mundo louco, e simplesmente não conseguimos mais ser o que éramos e deveríamos ser: nós mesmos. 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Segunda-feira muito louca

Talvez o título já entregue um pouco do assunto sobre o qual vou dissertar. O filme Sexta-feira muito louca, ao qual assisti hoje à tarde, me remeteu à uma série de pensamentos que não haviam mais me visitado.
O que eu queria ser e imaginava para mim quando tinha 15 anos, e o que sou hoje, 9 anos depois.
Eu queria ser a menina do filme (que, na verdade, foi lançado em 2003, há 13 anos). Queria um cabelo como o dela, queria me vestir da mesma maneira, queria tocar guitarra tão bem quanto, e, obviamente, queria um namorado tão bonito quanto o dela (que, por acaso, coincide com minhas preferências físicas, hahahaha).
E, bom, eu não era ela e não me tornei ela. Mas, em partes, me tornei quem eu gostaria de ser.
Fui em busca de uma versão melhorada de mim mesma, aquela que eu realmente almejava ser.
Creio que o meu 'marco' tenha sido um pouco antes, não sei dizer a idade com exatidão e nem qual foi o fator decisivo.
Eu realmente mudei a maneira de me vestir, para algo que me agradava e fazia com que eu me sentisse bem, passei a escutar muito mais rock (algumas bandas até por influência do filme, Dire Straits, por exemplo), comecei a modificar o cabelo algum tempo depois (e consegui alguns namorados bonitos também, hahaha).
Mas, a realidade que me vem à mente é aquela que mostra as coisas que eu não consegui fazer e acabei deixando de lado.
Comprei a guitarra, com 15 anos justamente. mas aprendi a tocar muito pouco. Pouco esforço e dedicação, verdade... Mas é algo que acabou 'faltando' na minha vida. Saber tocar bem, ter uma banda de rock, ficaram só na minha expectativa adolescente... Sinto falta. Desses desejos, sonhos, vontades, inspirações.
O que eu sou hoje em dia? Uma mulher, de 24 anos, que alcançou alguns objetivos (difíceis, é verdade), mas que, infelizmente, caiu em um buraco negro envolto por estudos, ascensão profissional e dinheiro. Isso não é algo de todo ruim, porém, destrói os sonhos, que hoje em dia não tenho e sinto não ter mais idade para me permitir tê-los.
Sinto orgulho sim, de ser uma 'rockeira' adulta, mulher decidida, provocadora e independente, contudo, ainda 'falta'. No dia-a-dia, me permito só ser a profissional, eventualmente a amiga, a amante... Mas, por onde anda a adolescente que sonhava?
Será que eu deveria partir em busca dela?

Viviane Lauck