domingo, 27 de setembro de 2009

Incêndios

Pois bem, hoje me disponibilizei para falar de incêndios.
Este texto estava sendo previsto já na semana passada, mas estava esperando acabar a enquete do assunto anterior, haha.
E já que também não tem tanta gente assim que lê meu blog, não é necessário que eu escreva com muita frequência, ;]

Iniciando então...

Sexta-feira retrasada, dia 18 de setembro, meu colegas colocaram fogo no auditório da escola.
"Como?!"
Sim, isso mesmo.
Eles iriam apresentar um trabalho de Literatura Infantil (uma lenda, na verdade), que falava de bruxas ou algo assim, e procuraram fazer um cenário "macabro". Utilizaram morcegos falsos e velas. Acenderam as velas e as deixaram lá, sozinhas. Pronto, foi o suficiente para algo misterioso (ou não) empurrar as velas para as cortinas e começar o fogo.
Pois bem, eu não estava no prédio do auditório, estava em uma sala no térreo, quando uma colega me disse, já com sua mochila nas costas: "Vivi, o auditório tá pegando fogo!"
E eu, começando a ficar nervosa, procurei saber o que estava acontecendo.
Pois bem, não era nada de mais e o fogo foi apagado por pessoas da escola mesmo.
O fato é que esse momento me fez reviver um outro momento, que não me traz boas lembranças.
Você sabe o que é, para uma criança de 1ª série, ver sua escola em incansáveis chamas?
Eu sei...
E foi esse momento que veio à minha mente; o mesmo pavor, o mesmo nervosismo.
Mesmo não vendo a mesma coisa.
Lembro-me de como aquele dia foi horrível. Recreio, tudo em ordem, eu dançando; quando aparece a merendeira da escola, gritando "Fogo!". Eu olho, não entendo nada, mas vejo o fogo e saio correndo, assim como toda escola.
Havia estourado a mangueira do gás, ou algo assim.
O fogo se espalhou rapidamente.
Não houve muito tempo para se pensar no que fazer.
As crianças todas estavam do outro lado da rua, em casas de pessoas que nos acolheram.
Todos olhares direcionados para a escola pegando fogo...
A chuva caía devagar, não ajudando em nada para apagar o fogo; apenas contrastava sua calma com a correria dos bombeiros.
Uma fábrica que havia ao lado da escola, juntamente com uma residência, disponibilizaram seus telefones para as crianças ligarem pra casa.
Eu, com 6 anos, certamente não iria atinar de ligar para lugar nenhum, ficaria apenas olhando a escola ser consumida pelas chamas...; porém, meu irmão estava junto e fez isso por nós dois.
Junto com umas colegas, eu observava tudo e tentava não chorar, mas houve um momento que não aguentei; dei a minha contribuição de lágrimas para o fato.
Meu irmão havia ligado para nossa avó, e esta pegou um táxi e foi nos buscar prontamente. Nos levou até a casa da outra avó, que morava perto da escola.
Minha mãe havia sentido que tinha algo errado... Pensou que fosse com sua mãe (minha primeira avó citada) e foi até a casa dela. Chegando lá, encontrou baldes e coisas atiradas; rapidamente lembrou dos filhos. Chegou na escola e viu ela destruída. Seguiu para a casa da sua sogra (minha outra avó) e nos encontrou.
Os bombeiros apagaram o incêndio, mas este consumiu duas salas de aula (incluindo a minha), a cozinha e mais outras partes da escola.
Ficamos sem aula por um mês, mais ou menos, e depois voltamos, tendo aula em salas alternativas.
Enfim, o que eu realmente queria comentar...
Só quem já passou por um incêndio de verdade, sabe mesmo como é e o que sentimos. Não há graça nenhuma.

Viviane Lauck