terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

1 ano+ de Independência ou Morte

Eu já tinha a intenção de escrever esse texto quando completou um ano da minha saída da casa dos pais, em final de novembro, porém as multitarefas não me permitiram.
Sobre estar morando sozinha há mais de um ano, adquiri diversas experiências e aprendizados.
Nada é como eu imaginava, mas sem sombra de dúvida foi uma decisão que valeu à pena.
Sempre pensei que a minha fase de vida solitária começaria com o clássico colchão atirado no chão e as coisas sendo moldadas aos poucos, conforme o dinheiro for permitindo. Parcialmente, foi assim. Porém a cama foi um dos primeiros móveis que surgiram, minha mãe ficou com pena das minhas pernas e costas por me imaginar dormindo no chão. Acidentalmente, acabou destruindo uma das minhas pequenas utopias.
Me diverti muito ajeitando o meu apartamento, e como é bom poder chamá-lo de 'meu'. Praticamente nenhuma parede está como no início, pintei quase todas, de cores que me agradam, embora mexam com a labirintite da minha mãe, que me ajudou muito no processo. E confesso que também foi divertido passar algum tempo lavando a louça no tanque ou no banheiro, pela inexistência de pia e torneira na cozinha; bem como as noites dormindo escorada em uma almofada no chão, pela inexistência de sofá, inclusive dividindo essa pequena almofada com alguns visitantes. Lavar roupa à mão não foi divertido.
Porém as duas primeiras semanas foram complicadas, a solidão bateu forte. Nem tanto pela falta de 'alguém' morando comigo, mas pela 'falta do que fazer'. Me mudei no impulso, concretizando meu desejo adolescente. Isso incluiu não ter internet e nem se quer um aparelho de televisão funcionando. Foi uma época que quase remetia aos anos 50, onde as pessoas tinham como lazer apenas ouvir músicas em aparelhos de som. Um tempo depois adotei a minha baby felina, a pequena Dorothy, que, embora faça uma bagunça alucinada, também contribui me fazendo companhia.
Morar sozinha é um The Sims da vida real, e sem manhas como motherlode, que, não por acaso, tem um 'mãe' incluso na palavra. É aterrorizante ver o salário escorrendo pelo ralo, ao quitar contas de luz, condomínio, internet, faculdade e afins. A última opção é sempre a comida, onde se faz compras com o que 'sobra' do dinheiro. Certo mês fechei com apenas R$ 40,00 em conta e com os suprimentos terminando. Minha mãe questionou "mas por que tu não pediu ajuda?". Oras, não saí da casa deles para continuar dependente, se a intenção fosse essa, não teria porque sair, já que sempre foram tão confortantes e acolhedores. Porém, até então tem ocorrido tudo muito bem, inclusive com algum dinheiro sobrando 'em caixa' no momento.
Um ano é tempo suficiente para aprender que nada volta pro lugar sozinho, que a poeira vai continuar ali se você não limpar (causando espirros intermináveis para quem tem rinite, como eu), que as roupas também não se lavam sozinhas (e tampouco ficam lisinhas sem passar o ferro quente), que a geladeira dificilmente vai estar cheia (e muitos alimentos vão estragar por uma pessoa só não dar conta até a data de validade passar), e que a habitação parece nunca chegar ao patamar que você quer.
Há cerca de um ano, eu decidi que estava na hora. O apartamento estava encaminhado, os móveis essenciais já estavam devidamente posicionados, o local clamava apenas por uma presença humana.
A ideia inicial era realizar a mudança em dezembro, algo como um 'presente de aniversário de mim para mim mesma', mas acabei antecipando. Acreditava que, morando no meu canto, conseguiria arrumá-lo com mais afinco, terminar de pintar as paredes, as portas, rodapés, conseguir visualizar melhor onde gostaria de colocar cada móvel imaginário... Doce ilusão de menina. Passou-se um ano e ainda tenho portas por pintar, móveis para comprar e praticamente nada está como eu imaginava.
Me decepciona um pouco ver os móveis todos diferentes, nenhum combina com o outro, como eu gostaria e imaginei que seria. Mas eu idealizava também um apartamento cheio de farra, festa e amigos, sobretudo por estar situado em uma região central da cidade. Outra mera ilusão. Para adquirir um imóvel é preciso dinheiro (muito dinheiro), e para conseguir tal feito é necessário trabalhar (muito, também), e, trabalhando muito, é também imensamente difícil manter todas as suas amizades em dia. Um pouco frustrante, eu diria.
Hoje, com 25 anos, sinto-me próxima da rotina que eu queria tanto ter. Jornadas intermináveis de trabalho árduo, aliados aos estudos e à poucas horas de sono. Mas confesso, é muito mais complicado e desgastante na prática. Pensava eu que esta seria minha melhor idade, jovem, com certas aquisições e energia para também curtir a vida. Outra ilusão. O cansaço faz parte também do meu dia-a-dia.
Enfim, muito embora o último aniversário tenha sido o pior de todos, estou otimista com o ano de 2017. Com moradia e automóvel próprios (a herança do vô ajudou aqui) e pretensões de me formar na graduação, a tendência é que tudo melhore :)

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou acompanhando o seu progresso, Vivi.
Muito bom ler notícias suas.
As etapas chegam, mas temos que superar...