sexta-feira, 12 de junho de 2009

Suicídio na adolescência


Em uma noite de Domingo, recolhendo-se ao leito, você observa o telefone celular e percebe uma mensagem:

"Nossa colega morreu enforcada..."

Passam mil coisas em sua mente, você cogita a hipótese de ser 1º de abril, mas não pode ser, já estamos em 24 de maio (!); você acredita que seja uma brincadeira, mas quem brincaria com isso (?); você imagina que é absolutamente ridículo pensar que o fato pode ser verídico, mas e se for?

Então você se deita, e, na ilusão de ser mentira, adormece.

No outro dia, acorda, arruma-se e vai para o colégio, assim como um dia normal; mas ainda com a cabeça cheia de dúvidas... e medo.

Quando chega na escola, nota uma agitação e o mesmo olhar de dúvida e medo entre seus colegas de classe. A turma se junta e corre atrás do fato; e então descobrem o que não queriam: ninguém estava mentindo, o fato era absurdamente verdadeiro.

Se inicia um dia infernal, cheio de lágrimas, hipóteses, consolos, e ainda as dúvidas e os medos (multiplicadas).

Como pode alguém ter tamanha frieza? Seria este um ato de coragem ou de medo? Por quê? De que maneira?

Ninguém tem as respostas à essas perguntas, e o tempo só faz surgir mais delas.

Quase quatro anos ao lado de uma pessoa, e você não a conhecia; conversara com ela dois dias antes, e você não a conhecia; sabia muito da vida dela, e você não a conhecia; via a imagem de uma pessoa feliz, com a carteira de motorista recém tirada, e você não a conhecia.

Em um dia como este, surgem diversos pensamentos, filosofias; e tudo isso poderia resultar em filmes, livros, músicas, desenhos, o que fosse, tendo um enredo dramático.

Eu estou fazendo isso. Esse texto não é uma hipótese, ou uma experiência de vida alheia, é um relato pessoal. Estou triste, confusa e extremamente perdida. Uma colega alegre, cheia de vida, engraçada, "barraqueira", com muitas histórias vividas ao meu lado, hoje não está mais entre o mundo dos vivos.

Não compreendo o porquê, mas ela resolveu tirar a própria vida, enforcou-se; e isso não vai ser notícia porque a mídia não divulga esse tipo de coisa, para não motivar as pessoas. Sou contra. Isso está acontecendo, fatos como esse estão presentes na vida de muita gente.

Seria isso uma doença, a tal da depressão? Será mesmo que a culpada de tudo isso é a minha colega? Será que ela estava certa ao buscar essa solução?

Não. Esse é um ato de covardia, quem tem coragem continua enfrentando o desafio de viver. A culpa da situação não é de quem comete suicídio, é do que o leva a fazer isso. Essa não é a melhor solução, e acho que nem se pode classificar isso como tal; esse é apenas um jeito prático de acabar com os problemas, sem bravura para enfrentá-los.

O que concluo com tudo isso?

Há alguma coisa muito errada com o mundo.


Viviane Lauck

(Texto escrito em 25 de maio de 2009, mas postado em data posterior).